Com o apoio da Escola Mario Quintana e da Editora Scipione no fim da tarde de ontem tive a oportunidade de, juntamente com os colegas Luciano e Laerte, ter um bate papo com o autor Claudio Vicentino. Para quem não conhece, Vicentino é um dos grandes autores de livro didático para ensino fundamental e médio no Brasil, livros sobretudo, de História. O bate papo teve também a participação das coordenadoras de ensino.
Basicamente falamos do História e do Ensino de História com a nova historiografia. Conversamos também sobre os efeitos dessa mudança de conteúdo, ou melhor, de visões de conteúdo sobre a sala de aula e sobre os vestibulares e o ENEM. Vicentino foi a todo tempo cordial e simples, um homem flexível e apaixonado pelo seu trabalho. Contou suas experiências de conversas com professores de todo o Brasil e das dificuldades que os mesmos tinham em relação a baixa remuneração e da falta de preparo.
Mas o que vai mudar? Bom, como dito, basicamente o conteúdo não foi alterado. Ou seja, ainda ensinarei sobre os terrores da inquisição e da colonização na América, sobre a vegonha da ditadura no Brasil e sobre os gregos e suas guerras. O que mudou foi a forma de abordagem! Mais do que nunca a História se distância dos grandes nomes e procura a vida dos pequenos, da micro-história que revele espectos antes esquecidos. Nesse sentido a história da Ásia e da África ganham mais destaques, os povos indígenas também são mais visíveis e mais nítidos, bem como os escravos, os imigrantes, as mulheres e quase todos "os esquecidos" pela história tradicional. Outra grande diferença é a identidade da disciplina, que andava perdida há alguns anos! Se antes a História era uma matéria para "se entender do passado e se previnir do futuro" agora ela é encarada como um conjunto de conhecimentos destinados a discussão do presente. Isso significa que o professor estará necessariamente ligado a reflexão com a atualidade.
Em termos historioráficos, as idéias de autoridade negociada invadem o campo histórico e botam por chão os tópicos do pacto colonial, do absolutismo e da resistência a escravidão. Por fim, falamos dos impactos dessas desconstruções. É algo que ainda vai levar tempo e que certamente será doloroso a professores e alunos que encontrarão uma maior complexidade nos estudos de História e de Geografia.